Ministro promove audiência de conciliação nesta terça (11)
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), convocou para o
próximo dia 11, às 19h30, audiência de conciliação sobre a adoção de livros de
Monteiro de Lobato pela rede pública de ensino. A audiência será realizada no
gabinete do ministro, no Anexo II do STF.
O caso chegou ao Supremo por meio de um Mandado de Segurança (MS 30952) de
autoria do Instituto de Advocacia Racial – Iara e do técnico em gestão
educacional Antônio Gomes da Costa Neto. Ambos afirmam que a obra de Monteiro
Lobato possui “elementos racistas”.
Ao citarem trechos do livro Caçadas de Pedrinho dizem que “não há como se
alegar liberdade de expressão em relação ao tema quando da leitura da obra se
faz referências ao ´negro` com estereótipos fortemente carregados de elementos
racistas”. O livro infantil foi publicado em 1933, é adotado por escolas
públicas e faz parte do acervo do Programa Nacional Biblioteca na Escola
(PNBE).
No mandado de segurança, o instituto e o técnico pretendem anular ato
homologatório do parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) que liberou a
adoção de livros do autor após cassar um primeiro posicionamento do órgão no
sentido de que não fossem distribuídos a escolas públicas ou que trouxessem uma
“nota explicativa” sobre estudos “que discutam a presença de estereótipos
raciais na literatura”. Eles requerem, ainda, a “imediata formação e capacitação
de educadores” para que a obra seja utilizada “de forma adequada na educação
básica”.
No mandado de segurança, afirma-se que o livro Caçadas de Pedrinho é
utilizado como “paradigma” e que essas regras devem nortear a aquisição, pela
rede pública de ensino, de qualquer livro literário ou didático que, segundo
eles, contenham “qualquer forma de expressão de racismo cultural, institucional
e individual”.
O parecer contra a adoção do livro de Monteiro Lobato foi apresentado pelo
CNE após Antônio Gomes da Costa Neto apresentar um “pedido de providência”
perante a Secretaria de Políticas da Promoção da Igualdade Racial que, por sua
vez, enviou manifestação ao Conselho.
Conciliação
Ao convocar a audiência, o ministro ressaltou que a questão “faz exsurgir
relevante conflito em torno de preceitos normativos de magnitude constitucional,
quais sejam, a liberdade de expressão e a vedação ao racismo”. Segundo ele, a
fase conciliatória abrirá a “possibilidade de se inaugurar um processo de
mediação (no processo) capaz de ensejar um desfecho conciliatório célere e
deveras proveitoso para o interesse público e também nacional”.
Para a audiência, foram convocadas oito pessoas, entre elas representante do
Instituto de Advocacia Racial-Iara, o técnico Antônio Gomes da Costa Neto, o
advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, o ministro da Educação, Aloizio
Mercadante, a presidente do CNE, Ana Maria Bettencourt, o procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, o ouvidor da Secretaria de Políticas da Promoção da
Igualdade Racial e a relatora do caso no CNE.
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